O sacerdócio umbandista é uma jornada de entrega, aprendizado e serviço à espiritualidade e à comunidade. Todo terreiro, queira ou não, possui uma comunidade de axé. Sejam os próprios frequentadores internos, se o terreiro é fechado ou até mesmo a família do pai de santo, caso o terreiro seja apenas para atender o núcleo familiar daquele médium. Sim, meus filhos de fé. Há mais terreiros no Brasil do que o IBGE mostra. Somos muitos.
Continuando, a Umbanda, com sua riqueza de tradições e valores, exige de seus sacerdotes um compromisso profundo e genuíno, refletindo a diversidade cultural e espiritual do Brasil.
O Chamado do Sacerdócio
Ser sacerdote na Umbanda não é uma escolha simples; é um chamado da alma. Muitos são atraídos por uma força maior, uma necessidade de servir aos orixás e guias espirituais e à comunidade.
Os indícios desse chamado podem vir em sonhos, intuições e outros meios mediúnicos de comunicação sutis como estes. Contudo, só existe a confirmação desse chamado após o guia chefe do médium dizer, categoricamente: Meu cavalo tem missão de comando. Sem essa afirmação, não se confirma sacerdote no meu método, o método Adérito Simões. Dessa forma, fica claro para mim que todo pai de santo ou mãe de santo tem a obrigação de incorporar suas entidades.
*Se seu pai de santo diz que estou errado ele está certo e eu errado. Respeite a hierarquia de sua casa.
Formação e Desenvolvimento
O caminho para se tornar um sacerdote umbandista é longo e multifacetado, envolvendo anos de estudo, prática e desenvolvimento mediúnico. Cada etapa é essencial para garantir que o sacerdote esteja preparado para suas responsabilidades espirituais e comunitárias.
1. Iniciação: A jornada começa com a iniciação, um rito de passagem que marca a entrada formal no sacerdócio, simbolizando o compromisso com a espiritualidade e com a comunidade. Há vários tipos de iniciação sacerdotal. Coroação, deitada, recolhimento. No meu método, utilizamos uma jornada chamada de barco de formação sacerdotal, um processo lógico de entrega das ferramentas espirituais, obrigações, ensino e acompanhamento do pai ou mãe que está se iniciando. Uso um sistema que chamei de EPD (estudo, prática e diálogo). Infelizmente, o brasileiro não quer e até foge do primeiro, o estudo. Quer pular direto para a prática, o que forma pais e mães incapazes de explicar um acendimento de vela, por exemplo. São sacerdotes com cadernos de receitas mágicas sem lógica e fundamento. Não há problema nenhum nisso. Eu que não aceito para mim e exijo dos meus formados o mínimo de entendimento das práticas. Por fim, o diálogo. Só existe aprendizado quando temos um tema estudado, uma prática feita e uma conversa sobre o que aconteceu para voltar ao estudo, refazer a prática e conversar novamente até que se aprenda para sempre. Eu, pelo menos, não conheço outro método melhor.
2. Estudo e Conhecimento: O sacerdote deve conhecer sua religião. É o mínimo. Saber conversar sobre os orixás, entidades, rituais, pontos cantados, ervas e oferendas. Este estudo é contínuo e se aprofunda com o tempo. Fiquem calmos. São anos de estudo, prática e diálogo. Não se forma um bom pai e uma boa mãe da noite para o dia. É possível entregar as obrigações em curto espaço de tempo. Depois disso, vem o acompanhamento do formado. Um grande problema dos pais e mães é a falta de alguém para conversar. Não se conversa com filho de santo sobre os problemas da vida do terreiro. A desmotivação pelo cansaço da rotina cheia de rituais e atendimentos, a decepção com as pessoas que foram ajudadas e coisas do tipo. Isso retira do filho de santo a sua própria motivação em continuar na fé. São coisas da vida. É normal. Então, o sacerdote guarda para si e para suas entidades. Por essa razão, é importante ter uma rede de apoio de confiança para manter tudo ali entre eles. É o que tento fazer com os meus formados.
A História da Eugênia: Encontro com a Paz
Eugênia era um mulher bem atormentada por muitas dúvidas e ansiedade. Qualquer vela mal queimada ou pessoa estranha na rua era motivo de descarrego na cabeça dela. Sua jornada a levou até o terreiro de Umbanda, onde o preto velho, com toda a paciência do mundo, acolheu e orientou. Ela cuidava da sua espiritualidade sem a orientação devida.
Desde o primeiro momento, sentiu uma conexão profunda com os orixás e entidades. Com o tempo, e sob a orientação dedicada dos sacerdotes, Eugênia começou a entender seus próprios dons mediúnicos e encontrou uma paz que nunca havia experimentado antes. Viver ficou mais fácil para ela.
No terreiro, Eugênia participou de rituais, estudou sobre os orixás e desenvolveu sua mediunidade. Cada gira era uma nova descoberta, cada orientação uma nova lição de vida. Ele encontrou na Umbanda não apenas uma religião, mas um caminho de vida, cheio de amor, compreensão e propósito. A transformação de Eugênia é um testemunho vivo da importância do sacerdócio umbandista e da força espiritual da Umbanda.
Responsabilidades do Sacerdote Umbandista
Os sacerdotes umbandistas possuem muitas responsabilidades, todas voltadas para o serviço espiritual e comunitário. Eles são líderes, conselheiros e professores, guiando a comunidade com sabedoria e compaixão.
– Condução de Rituais: Realizam os rituais e cerimônias, garantindo que sejam feitos com respeito e autenticidade, mantendo viva a tradição.
– Orientação Espiritual: Oferecem aconselhamento e apoio espiritual aos membros da comunidade, ajudando-os a encontrar paz e propósito.
– Cuidado com o Terreiro: Mantêm o terreiro em equilíbrio, garantindo que seja um espaço sagrado e acolhedor para todos.
– Educação e Formação: Educam novos membros sobre a Umbanda, compartilhando conhecimentos e práticas essenciais para a vida espiritual.
Desafios e Recompensas
O sacerdócio umbandista é um caminho repleto de desafios. Exige dedicação, compromisso e um profundo desejo de servir.
Contudo, as recompensas são inestimáveis e o pai de santo deve estar pronto para a ingratidão de quem ele ajuda. É caridade. Portanto, nada espere de volta.
Ver a transformação de pessoas como a Eugênia, que encontram paz e propósito na Umbanda, é uma das maiores gratificações. Servir os orixás e a comunidade traz uma realização pessoal e espiritual incomparável.
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