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ToggleA Umbanda é uma religião que mescla elementos do catolicismo, espiritismo, candomblé e de várias outras tradições africanas, orientais e indígenas. É um campo vasto e rico em simbolismo, práticas e, acima de tudo, em espiritualidade. Neste texto, vamos explorar um dos aspectos mais fascinantes da Umbanda: os Orixás.
A Origem dos Orixás
Os Orixás são divindades do povo iorubá. Cada uma dessas divindades representa forças da natureza e aspectos da vida humana. Esse é o resumo. Se tiveram vida terrena ou não, dependerá da tradição que você estiver estudando. A regra é que sim, tiveram paisagem pela terra como, por exemplo, Xangô, o 4° rei de Oió ou Oyo.
Os orixás chegaram até nós pela diáspora africana, um movimento forçado que ocorreu devido ao tráfico transatlântico de escravos.
Orixás e Seus Domínios
Cada Orixá governa aspectos específicos da natureza e da vida humana, e é frequentemente associado a certos elementos e cores. Vamos conhecer alguns dos Orixás mais venerados na Umbanda:
Oxalá
Oxalá é o Orixá supremo na Umbanda, considerado o criador da humanidade. Ele é associado à paz, à harmonia e à pureza espiritual. Oxalá é frequentemente representado em vestes brancas, simbolizando a pureza e a luz divina. Ele é invocado para trazer paz e equilíbrio aos lares e às vidas das pessoas.
Iemanjá
Iemanjá é a rainha dos mares, mãe de todos os Orixás. Ela representa a maternidade, a fertilidade e a proteção. Iemanjá é sincretizada com Nossa Senhora dos Navegantes e é homenageada especialmente no dia 2 de fevereiro, quando milhares de devotos lançam flores ao mar em sua homenagem.
Xangô
Xangô é o Orixá da justiça, do trovão e do fogo. Ele é visto como um rei poderoso e justo, que pune os mentirosos e protege os inocentes. Xangô é sincretizado com São Jerônimo e é representado com um machado de duas lâminas, símbolo de sua força e imparcialidade.
Oxum
Oxum é a deusa dos rios e das cachoeiras, símbolo do amor, da beleza e da prosperidade. Ela é invocada para ajudar nos relacionamentos, trazer fertilidade e abundância. Oxum é sincretizada com Nossa Senhora da Conceição e Nossa Se hora Aparecida e é frequentemente representada com espelhos e joias, refletindo sua ligação com a beleza e a vaidade.
Ogum
Ogum é o Orixá da guerra, do ferro e da tecnologia. Ele é o protetor dos guerreiros, dos soldados e dos trabalhadores. Ogum é sincretizado com São Jorge e é representado com uma espada ou uma lança, simbolizando sua força e coragem.
Iansã
Iansã, também conhecida como Oyá, é a deusa dos ventos e das tempestades. Ela é a guerreira indomável, protetora das mulheres e guia dos espíritos dos mortos. Iansã é sincretizada com Santa Bárbara e é frequentemente retratada com espadas e chicotes, simbolizando seu poder sobre os ventos e as tempestades.
Obaluaiê
Obaluaiê é o Orixá das doenças e das curas. Ele é reverenciado como o médico dos pobres e o protetor contra as doenças. Obaluaiê é sincretizado com São Lázaro e São Roque, e é representado com um xaxará, um tipo de chocalho que ele usa para afastar as doenças.
Nanã
Nanã é a Orixá das águas paradas, dos pântanos e da lama. Ela representa a sabedoria, a morte e a transformação. Nanã é sincretizada com Sant’Ana, a avó de Jesus, e é invocada para ajudar na resolução de problemas difíceis e para proporcionar uma morte tranquila.
Oxóssi
Oxóssi é o Orixá da caça e das florestas. Ele é o protetor dos caçadores e daqueles que dependem da floresta para sua sobrevivência. Oxóssi é sincretizado com São Sebastião e é representado com um arco e flechas, simbolizando sua habilidade e precisão na caça.
Os Rituais e as Ofertas
Na Umbanda, os rituais e as oferendas são formas de honrar os Orixás e de pedir sua ajuda e proteção. Cada Orixá tem preferências específicas em termos de oferendas, que podem incluir alimentos, bebidas, flores e objetos simbólicos.
Oferenda para Oxalá
As oferendas para Oxalá são geralmente simples e puras, refletindo sua natureza serena e espiritual. Entre os itens comuns está a canjica. As velas brancas são acesas em seu nome, e as rezas são feitas em um tom calmo e reverente.
Oferenda para Iemanjá
Iemanjá é frequentemente homenageada com oferendas lançadas ao mar. Estas podem incluir flores brancas e azuis e champanhe branca. Os devotos também oferecem pratos de comida, como arroz, peixe e frutas, para agradar a mãe das águas. Não recomendo.
Oferenda para Xangô
Xangô prefere oferendas robustas e substanciais, refletindo sua força e poder. Entre os itens comuns estão a cerveja preta e o quiabo. As oferendas são geralmente feitas ao pé de uma pedra ou em uma pedreira, locais sagrados para Xangô. A comida feita com quiabo chamamos de amalá. Há várias formas de se preparar.
Oferenda para Oxum
As oferendas para Oxum são frequentemente doces e delicadas, refletindo sua natureza amorosa e generosa. Entre os itens comuns estão o mel, o as frutas doces e as flores amarelas. As oferendas são feitas às margens de rios e cachoeiras, lugares sagrados para Oxum.
Oferenda para Ogum
Ogum é homenageado com oferendas que simbolizam sua força e determinação. Entre os itens comuns estão a cerveja pilsen e o inhame. As oferendas são feitas em locais onde há ferro, como ferrovias ou estradas.
Oferenda para Iansã
As oferendas para Iansã são geralmente picantes e vigorosas, refletindo sua natureza tempestuosa. Entre os itens comuns estão o dendê, o acarajé e o feijão fradinho. As oferendas são feitas em locais abertos, onde os ventos podem soprar livremente.
Oferenda para Obaluaiê
As oferendas para Obaluaiê são feitas para pedir cura e proteção contra doenças. Entre os itens comuns estão o pipoca, o milho branco, o feijão preto e o mel. As oferendas são feitas em locais isolados e tranquilos, como cemitérios ou áreas rurais.
Oferenda para Nanã
As oferendas para Nanã são feitas para pedir sabedoria e transformação. Entre os itens comuns estão uvas roxas e flores violetas. As oferendas são feitas em locais úmidos e sombreados, como pântanos e lagos.
Oferenda para Oxóssi
As oferendas para Oxóssi são feitas para pedir proteção e sucesso nas caçadas. Entre os itens comuns estão o milho, a carne de caça, as frutas e as ervas. As oferendas são feitas nas florestas ou em locais arborizados.
A Relação dos Orixás com os Filhos de Santo
Na Umbanda, os Orixás têm uma relação muito próxima com seus filhos de santo. Cada pessoa tem um ou mais Orixás que a protegem e guiam ao longo da vida. Essa relação é estabelecida através de rituais de iniciação, onde o filho de santo é apresentado aos seus Orixás e começa a desenvolver uma ligação espiritual com eles.
A Iniciação
A iniciação na Umbanda é um processo sagrado que envolve vários rituais e etapas. O objetivo é conectar o filho de santo aos seus Orixás e desenvolver sua mediunidade. Durante a iniciação, o filho de santo passa por rituais de limpeza e purificação, é ensinado sobre os fundamentos da Umbanda e aprende a fazer oferendas e a cultuar seus Orixás. A iniciação é um momento de transformação profunda, onde o iniciado começa a trilhar um caminho de autoconhecimento e de serviço espiritual.
Na Umbanda, diferente do candomblé, o foco é na manifestação das entidades.
Desenvolvimento da Mediunidade
Após a iniciação, o filho de santo começa a desenvolver sua mediunidade sob a orientação de seus Orixás, suas entidades e de um pai ou mãe de santo experiente. Esse desenvolvimento envolve a participação em giras, onde os médiuns incorporam suas entidades espirituais.
Os médiuns também são instruídos em práticas de meditação, rezas e oferendas, que ajudam a fortalecer sua conexão com os Orixás e a equilibrar suas próprias energias. O desenvolvimento mediúnico é um processo contínuo e demorado, que exige dedicação, disciplina e um profundo respeito pelas forças espirituais com as quais se trabalha.
Festas e Celebrações
Na Umbanda, os Orixás são honrados com festas e celebrações ao longo do ano. Essas festas, chamadas de “giras”, são momentos de grande alegria e devoção, onde os filhos de santo se reúnem para cantar, dançar e fazer oferendas aos seus Orixás.
Cada gira é dedicada a um ou mais Orixás, e é cuidadosamente organizada para refletir suas características e preferências. As giras de Iemanjá, por exemplo, são frequentemente realizadas na praia, com oferendas lançadas ao mar. As giras de Xangô podem ser realizadas em pedreiras, com fogueiras e cânticos em sua honra. Normalmente, são feitas no próprio terreiro.
Durante essas celebrações, os médiuns incorporam os Orixás e entidades, proporcionando um momento de comunhão profunda entre o mundo espiritual e o mundo material. É uma oportunidade para os praticantes da Umbanda se conectarem com seus Orixás, renovarem suas energias e celebrarem sua fé.
Conclusão
Os Orixás são o coração pulsante da Umbanda, oferecendo um caminho para a conexão com o sagrado, com a natureza e com a própria essência humana. Eles são guias e protetores, que ajudam a enfrentar os desafios da vida, a crescer como indivíduos e a construir comunidades fortes e solidárias.
Através dos rituais, das oferendas e das celebrações, os praticantes da Umbanda honram seus Orixás, cultivando uma relação de respeito, devoção e amor. Essa relação não apenas fortalece a espiritualidade individual, mas também promove um senso de responsabilidade e de harmonia com o mundo ao nosso redor.
A Umbanda, com sua rica pluralidade de tradições e crenças, oferece um caminho único para a compreensão e a vivência do sagrado. E os Orixás, com sua sabedoria e poder, são os guias nessa jornada, levando os devotos a uma vida de paz, harmonia e realização espiritual.
Portanto, ao honrar e venerar os Orixás, os praticantes da Umbanda não apenas celebram suas divindades, mas também se conectam com a essência mais profunda da vida e do universo, encontrando no sagrado um caminho para a transformação e a plenitude.